Quais são os principais indicadores de sucesso para o Estadão?
Leonardo Cruz: Neste momento são as métricas que levam à conversão para mais assinaturas. Entre as mais tangíveis estão recirculação, tempo de leitura, número de leitores recorrentes voltando para o site, percentual de leitores fiéis. Queremos que esses
heavy users sejam proporcionalmente mais significativos do que os usuários casuais. Essas são as métricas objetivas. Mas no jornalismo você tem as métricas de impacto, que são mais difíceis de medir, como a repercussão de um furo que o Estadão dá, o impacto que uma análise dos nossos colunistas mais importantes têm na formação da opinião pública. Apesar de mais intangíveis, continuam sendo preocupações do nosso dia a dia. E de alguma maneira se refletem depois nessas métricas mais palpáveis. Se você consegue ter um conteúdo relevante, exclusivo e de repercussão, é natural que isso se traduza em audiência, em tempo de leitura, em assinantes voltando e em uma presença mais constante dos usuários no site do Estadão.
João Gabriel de Lima: Dois acréscimos a isso: estamos passando por uma evolução das métricas quantitativas para as qualitativas. Até pouco tempo atrás, a métrica de pageviews era a grande febre – e ainda é uma métrica importante para publicidade, mas cada vez menos as redações no mundo inteiro trabalham com ela porque é uma métrica que você pode conseguir sem um conteúdo de qualidade. A gente viu o fim da era do clickbait. Se eu quero ter um leitor fiel, assinante, eu tenho que dar conteúdo de qualidade, e não clickbait. Todas as métricas que o Léo falou são métricas de qualidade, que medem o quanto o nosso conteúdo é bom o suficiente para que o leitor fique bastante tempo nele, recircule de um conteúdo para outro na mesma plataforma.
Ponto dois: sobre o impacto, tem um dado interessante. O Estadão é pioneiro mundialmente em
ter um certificado de impacto feito por uma empresa que está testando o impacto da mídia jornalística. É o
Granito Group, empresa fundada no Brasil, mas hoje sediada em Londres, que orienta fundos de investimento de impacto a encontrarem negócios que efetivamente gerem impacto. Esses negócios em geral estão na área de educação e de saúde. Mas um dos donos dessa empresa é um intelectual português chamado Rodrigo Tavares, que desenvolveu uma métrica para medir o impacto da imprensa. E o Estadão foi o jornal piloto para essa métrica. Ele
publicou um artigo em inglês na revista do Fórum Econômico Mundial que mostra como o Estadão tem um alto impacto dentro dos critérios que ele julga que um veículo de imprensa deve ter. Essa ferramenta está começando a ser usada por outros jornais, por exemplo, pelo Guardian.