Hoje a operação da Pública é sustentável financeiramente?
Eu tenho muitas questões com esse termo sustentável. A Pública nunca teve dívidas e nunca terá, da forma como administramos ela. Como qualquer operação que seja comercial ou não comercial, há um financiamento que dura por um tempo e depois você precisa captar mais. Tanto para um jornal que vende anúncio quanto para uma organização que faz campanha de fundraising [captação de recursos].
Neste momento, estamos apostando muito no apoio dos leitores para ajudar a ampliar e criar um colchão para nosso financiamento ser mais sustentável e mais diversificado, ou seja, com pequenas doações e uma variedade maior de pessoas. Por isso resolvemos fazer um apoio bem baixo, a partir de 10 reais por mês. A lógica por trás disso é convencer as pessoas de que elas têm que ajudar o jornalismo em que acreditam, aquele que faz diferença na sociedade.
A cultura de doação no Brasil é ainda pequena, mas está crescendo, são pessoas que já doam para o Greenpeace, para a Anistia… Queremos convencer quem não doa: o estudante, o jornalista, a pessoa que lê sempre. Dez reais por mês não pesa no bolso e você cria um ciclo virtuoso no qual é possível manter o mercado do jornalismo com o apoio das pessoas. É exatamente o oposto da lógica do paywall, porque as pessoas estão pagando para que a notícia se espalhe. Temos uma newsletter só para os Aliados e eles ficam muito felizes quanto mais nosso conteúdo é republicado, quanto mais veículos utilizam nossas reportagens.